25 fevereiro 2009

Porto seguro

Já não me importo 
Até com o que amo ou creio amar. 
Sou um navio que chegou a um porto 
E cujo movimento é ali estar. 

Nada me resta 
Do que quis ou achei. 
Cheguei da festa 
Como fui para lá ou ainda irei 

Indiferente 
A quem sou ou suponho que mal sou, 

Fito a gente 
Que me rodeia e sempre rodeou, 

Com um olhar 
Que, sem o poder ver, 
Sei que é sem ar 
De olhar a valer. 

E só me não cansa 
O que a brisa me traz 
De súbita mudança 
No que nada me faz.

Fernando Pessoa

Enxada

17 fevereiro 2009

Curva inútil



EU
Sou louco e tenho por memória 
Uma longínqua e infiel lembrança 
De qualquer dita transitória 
Que sonhei ter quando criança. 

Depois, malograda trajectória 
Do meu destino sem esperança, 
Perdi, na névoa da noite inglória 
O saber e o ousar da aliança. 

Só guardo como um anel pobre 
Que a todo o herdado só faz rico 
Um frio perdido que me cobre 

Como um céu dossel de mendigo, 
Na curva inútil em que fico 

Da estrada certa que não sigo.

Fernando Pessoa

Folha seca

14 fevereiro 2009

12 fevereiro 2009

abandonada?


Aqui jaz ancorada após a sua última viagem, ou quem sabe, ainda segura firme o seu navio submerso algures no areal.

04 fevereiro 2009

03 fevereiro 2009

Paredes...


...levantam-se altivas, enfrentando tudo e todos, teimam em resisitir. Como se resistir, fosse a razão da sua existência.